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Três perguntas: Elis, gestão de têxteis – desafios e perspectivas
A Elis é uma empresa francesa que atua na gestão de têxteis; em outras palavras, locação de artigos têxteis, higienização e manutenção. Suas atividades são desenvolvidas em segmentos variados como hospitalar, hoteleiro, industrial, comércio e serviços.
Considerando as suas 28 operações internacionais, entre elas a Elis Brasil, o grupo francês, cujas ações são negociadas na Euronext com o código ELIS, fechou 2020 com uma receita de € 2,8 bilhões e uma margem Ebitda de 33,8%, o que representa € 947,5 milhões.
No mesmo ano, a Elis Brasil, que em 2022 completa 10 anos de operação, alcançou R$ 1 bilhão de receita. Para 2021, apesar das adversidades da pandemia, a operação brasileira espera um crescimento de 5% a 10% de sua receita.
Conversamos sobre a organização da operação brasileira, os drivers para o mercado brasileiro, o impacto da pandemia e as perspectivas da Elis Brasil com Juliano Fontagnelo, superintendente de Experiência do Cliente e Marketing da operação brasileira.
Como está organizada a operação brasileira da Elis?
A Elis começou sua operação no Brasil em 2012 com o atendimento de pequenos clientes do segmento industrial. Em 2013, a empresa deu início às negociações para a aquisição da empresa Atmosfera que, na época, era a líder do mercado brasileiro. Essa aquisição foi concluída em fevereiro de 2014. Desde então, a Elis fez outras aquisições no Brasil, fortalecendo sua atividade comercial e passando a atuar em novos segmentos. Com isso, a empresa se consolidou como líder no mercado brasileiro.
Atualmente, a Elis Brasil atua em diversos setores, nos quais se destacam o hospitalar, hoteleiro, industrial, comércio e serviços. Para isso, conta com mais de 100 unidades modernas e produtivas espalhadas pelo país.
Quais são os principais drivers da Elis para o mercado brasileiro?
Os principais drivers são:
Novos clientes em todos os segmentos – buscamos gerar soluções diferenciadas para todos os clientes, seja para os que já possuem serviço terceirizado de gestão e higienização de enxoval, ou para aqueles que ainda fazem a gestão internamente. Além disso, buscamos explorar novos mercados, em estados onde ainda não atuamos ou onde o nível de terceirização é baixo.
Retenção de clientes – como se trata de um mercado bastante competitivo, temos uma área específica de Experiência do Cliente que busca estabelecer rotinas de gestão de clientes para melhoria de satisfação e, consequentemente, uma maior fidelidade dos mesmos.
Recomposição da inflação – estamos trabalhando na redução da inflação interna com projetos de produtividade e melhorias de processos. No entanto, devido aos altos índices de inflação dos últimos meses, em alguns casos é inevitável repassar algum nível de aumento aos clientes dado a pressão inflacionária que sofremos em vários insumos.
Aquisições – historicamente, a Elis é uma empresa que faz grandes aquisições e tem foco em oportunidades de mercado em todos os segmentos. Seja em novas geografias ou em locais onde já atuamos, a companhia busca constantemente oportunidades de aquisição.
Novos produtos e serviços – a Elis está trabalhando de forma bastante focada em tecnologia, aumentando a gama de serviços e trazendo maior confiabilidade e visibilidade aos seus clientes. Além disso, novos produtos vêm sendo lançados de forma constante. Um exemplo foi o lançamento da linha HeRo de aventais de proteção. Trata-se de uma linha de aventais reutilizáveis, que é produzida e higienizada pela Elis, possibilitando que menos lixo hospitalar seja descartado no meio ambiente. No período de um ano após o lançamento do produto, a Elis já higienizou mais de 13 milhões de unidades, evitando a geração de aproximadamente 600 toneladas de descartáveis. Transformando essa quantidade em metros de descartável, a economia equivale a uma distância de mais de 15 mil quilômetros, algo semelhante a um terço da circunferência do planeta Terra.
A pandemia afetou o mercado de gestão de têxteis? Como a Elis está vendo as perspectivas econômicas do Brasil?
Como a Elis atua em diversos segmentos, tivemos diferentes comportamentos durante a pandemia:
Hotéis – com a pandemia, grande parte dos hotéis acabou fechando ou ficando com índice de ocupação muito baixo em relação a uma situação de normalidade. Neste segmento, chegamos a ter quedas muito expressivas de volume em 2020. Em 2021, já é possível observar sinais de recuperação, mas ainda com níveis abaixo do período pré-pandemia.
Hospitais – apesar da grande ocupação dos hospitais em função do Covid-19, muitas cirurgias eletivas foram canceladas e diversos procedimentos médicos foram adiados. A partir de então, houve uma redução do número de pacientes nos hospitais e, consequentemente, dos volumes processados ao longo de 2020, o que foi se recuperando até o final do ano. Em contrapartida, a demanda por alguns itens cresceu expressivamente, tais como uniformes médicos e aventais de proteção. Em 2021, o segmento já apresenta crescimento quando comparamos aos níveis pré-pandemia.
Indústrias – as indústrias, principalmente as maiores, tiveram uma estabilidade nos volumes e não apresentaram grandes impactos. Vale destacar que nos setores alimentício e farmacêutico tivemos um aumento expressivo de volume gerado pela alta demanda de produtos que compensaram a queda em outros subsegmentos da indústria.
Comércio e serviços – tivemos uma redução expressiva com a pandemia dado os lockdowns que afetaram significativamente os pequenos comércios e serviços em 2020. Em 2021, já é possível observar sinais de recuperação, mas ainda com níveis abaixo de antes da pandemia.
A expectativa para o pós-pandemia é muito boa. A reabertura de hotéis e comércios trará uma retomada dos volumes nestes segmentos. No setor hospitalar, a retomada das cirurgias eletivas e dos demais procedimentos médicos que foram adiados em virtude da pandemia, os protocolos e a mudança de cultura com relação à proteção dos pacientes e dos profissionais de saúde contribuirão para que haja um aumento dos volumes processados. Além disso, os produtos lançados durante a pandemia se mostraram perenes, rentáveis e com impacto ambiental positivo, já que substituem os descartáveis e geram economias consideráveis de resíduos.